Dê uma espiadinha

sábado, 23 de julho de 2016

A síndrome do regresso- a vida após 1 ano desde a volta do intercambio

     A síndrome do regresso, é assim que chamamos a depressão pós intercambio, e aqui vou explicar um pouco do que a maioria dos intercambistas vivem nesse momento tão impactante, que é deixar o host country no qual conhecemos novas pessoas, adquirimos novas famílias, viajamos e aprendemos ou melhoramos um idioma. Não é simples.

                           

     Muitos pensam que voltamos para a nossa vida normal e que compartilhamos essa experiencia como se fosse uma viagem qualquer, mas não. Existe uma frase principal que os intercambistas usam para explicar o que esse ano significa, e a frase é mais ou menos a seguinte: "não é apenas mais um ano da sua vida é uma vida em um ano". O que isso quer dizer exatamente? Imagine o que você fez desde de quando você nasceu, desde o caminhar até o dia que você aprendeu sua primeira palavra, do primeiro dia de escola até a sua formatura, da primeira viagem em família, das melhores amizades e das melhores lembranças. Então, é exatamente isso que acontece no intercambio, renascemos como pessoas, aprendemos a nos comunicar, a se tornar independentes, vamos á escola, fazemos novos amigos e recebemos o amor de uma família, uma não, várias , e ao final dessa jornada é como se essa "vida a parte" se fosse e continuamos a viver a do Brasil. 
        No começo é muito difícil de os familiares perceberem a sua infelicidade, porque estão todos felizes com a sua volta, e o pior é que a gente fica com um sentimento de culpa por não estar se sentindo bem na própria cidade, na própria casa. A minha sorte é que essa depressão pós intercambio é objeto de estudos e o fato de intercambistas se sentirem assim é comprovado por pesquisas que afirmam que se adaptar a um novo espaço com dias e rotinas mais dinâmicas leva no máximo 6 meses, mas para se readaptar a rotina do país de origem o rebound pode levar até 2 anos. O que eu acho mais engraçado é que no post passado expliquei sobre o desafio de fazer um intercambio e agora estou explicando o desafio de voltar e se adaptar com o país de origem, algo que nem eu e quase ninguém imaginaria.
     Ao voltar me senti como se tudo tivesse mudado, mas na verdade tudo estava o mesmo, a rotina de todos era e é mesma, e no fim descobri que quem realmente mudou fui eu. Mas não tenha medo da mudança, pois ela pode assustar, mas também pode ser a chave da porta que você tanto almeja abrir. Nos primeiros dias tudo e todos parecem não ser o certo, como se eu fosse o peixe fora d'água e como se a comparação com o país de intercambio fosse inevitável, como se o seu lugar não fosse esse, e entendam, tudo isso é normal. O skype e as redes sociais são as nossa válvulas de escape para falar o quanto sentimos saudades, quais os nossos problemas ao voltar e o quanto desejaríamos estar lá o mais rápido possível. Eu acho que o fato de sermos novidade no país de intercambio, faz com que nos sentimos bem,e já ao voltar, todos te veem como mais um brasileiro, ou seja, você volta a ser comum e sentimos falta de ser "únicos e especiais", se é que vocês me entendem.
     Quando eu conversava com os meus amigos sobre algo, dava para ver como o pessoal reagia  -ahh, lá vem ele falar do intercambio de novo. E se tem um conselho que eu possa dar ás pessoas ao redor de um rebound( intercambista que voltou) é de no começo dar um espaço para falar um pouco dessa experiencia, pois é algo que marca, mas querendo ou não com o tempo os assuntos do dia-a-dia do Brasil começarão a aparecer e os assuntos vão mudar, claro que de vez em quando é inevitável de citar algo que aconteceu lá, tanto que até hoje eu falo sobre, mas menos. Enfim, a readaptação depende muito do rebound, mas fica muito mais fácil com o apoio da família e amigos.
     Passados quase 1 ano desde que voltei tudo parece mais difícil, mas terminei a escola, arrumei um trabalho, fiz novos amigos, e conheci as pessoas que eu melhor me identifiquei, ou seja, me readaptei ao que antes eu já estava adaptado. Querendo ou não uma parte de mim ainda esta lá, e hoje em dia estou mais maduro quanto a ideia de voltar logo, mas em vez de parar e fazer comparações de tudo com o meu intercambio eu estou me movendo para quem sabe um dia eu possa voltar, pois é como Carlos Drummond de Andrade diz: " Fácil é sonhar todas as noites, difícil é lutar por um sonho."
      Esse foi um breve resumo do que vivenciei e ainda vivencio e que com certeza muitos rebounds passam. Se gostaram deem um like, compartilhem e comentem suas experiencias.Até o próximo post.
    
     
     
  
     
     
     
     





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